Violência contra mulheres em campos de desabrigados no Haiti

Um documento apresentado pela Anistia Internacional revela a violência sexual sofrida por mulheres que ficaram desabrigadas e vivem atualmente nos campos que abrigam milhares de pessoas em ambientes comuns.
“Desde o terremoto, vivo em um campo improvisado em Porto Príncipe, em um dos 1.300 campos nos quais mais de um milhão de pessoas desabrigadas lutam para sobreviver” (as informações são da Adital, em 2/6/2010).
Celine, uma menina de oito anos, foi violentada quando se encontrava sozinha em sua tenda. Sua mãe havia saído para trabalhar no campo.
Carline, de 21 anos, foi violentada por três homens quando foi urinar em uma zona isolada do campo, uma vez que as latrinas estavam muito sujas para serem utilizadas.
Fabienne, de 15 anos, foi violentada quando saiu do campo para urinar, pois não existem latrinas no campo. A mãe de Fabienne denunciou o estupro a um membro da autoridade administrativa local, porém essa pessoa não ajudou em nada, tampouco deu qualquer orientação.
A maioria dos casos de violência não é relatada ou denunciada. Inclusive porque os responsáveis pela violência são do convívio das vítimas, sejam como membro da comunidade, ou mesmo autoridades, militares ou civis que estariam no país para ajudar na “missão de paz”.
Por medo de vingança do agressor, por não terem garantida sua segurança, nem para onde ir, as mulheres silenciam sobre a violência, o que tem perpetuado ainda mais a sua prática.
Nos locais onde as pessoas estão obrigadas a viver, por causa da destruição completa de suas casas, não há iluminação adequada, nem privacidade, as instalações sanitárias são insuficientes e sem qualquer cuidado, o que aumenta a vulnerabilidade das mulheres e das meninas não apenas para o problema da violência sexual como os riscos para sua saúde, especialmente das gestantes ou parturientes.
Meses após o terremoto, que aconteceu em janeiro desse ano, o Haiti continua sem qualquer estrutura. A repressão contra a população é a principal ação dos agentes estrangeiros instalados no País, que mesmo interessados nos lucros da reconstrução não realizaram nenhuma obra estrutural que garanta o retorno à vida normal da população, que mesmo antes do terremoto já era marcada pela miséria extrema e exploração imperialista.

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